Eu ainda me lembro quando vi o Super Monaco GP (o primeiro) pela primeira vez. Estava em uma loja com meus pais e lá havia uma TV ligada com o Mega Drive em exposição. E o jogo era o Super Monaco GP. Na época, se não me falha a memória, eu ainda tinha o Atari 2600, nem pelo Master System eu tinha passado, então os gráficos do Super Monaco GP impressionavam muito e eu fiquei vários minutos olhando para aquela TV.
Depois disso passei pelo Master System, aluguei várias vezes o Super Monaco GP, que é bem diferente da versão de Mega Drive, mas com alguns diferenciais interessantes, como a possibilidade de escolher o motor do carro e outros ajustes. Não era um jogo fácil, no início perdia duas corridas e levava o Game Over. Mas com o tempo fui conseguindo vencer corridas e vencer o campeonato, completando o jogo.
Quando ganhei meu primeiro Sega Genesis (igualzinho a esse aqui), um dos primeiros jogos que aluguei foi o Super Monaco GP do Mega Drive. O jogo da locadora era pirata e esquisitão, não tinha abertura, aparecia só o logotipo da Sega todo borrado para ficar irreconhecível (não sei qual era a desses piratas que achavam que bastava sumir com o logotipo da softwarehouse original que ficava tudo bem) e em seguida já aparecia a tela com o carro de corrida e o “Press Start Button”, sem a moça de maiô, sem música, só uma imagem estática. Mas fora esses detalhes, o restante do jogo estava todo lá e dava para se divertir.
Na época eu era fã de Formula 1, não perdia um grande prêmio e como todo brasileiro, exceto um ou outro retardado do contra, eu era fã do Ayrton Senna. O anúncio do segundo jogo da série Super Monaco GP já me deixaria ansioso, mais ainda com o anúncio de que o Ayrton Senna estava participando do desenvolvimento, que o jogo teria circuitos desenhados por ele, dicas, voz digitalizada e tudo mais.
Quando o Ayrton Senna’s Super Monaco GP II finalmente chegou na locadora que eu frequentava, fui naturalmente um dos primeiros a locá-lo. Chegando em casa foi colocar o cartucho na console e… grande decepção. Só vi a mensagem: “This cartridge was developed for use outside North and South America (except Argentina, Paraguay, Uruguay). It cannot be used with hardware units for sale within these areas”, pois o jogo foi um dos primeiros com a trava regional no software. O cartucho da locadora era japonês e o meu console americano, então nada feito. 🙁
Felizmente eu tenho um primo que tinha o Mega Drive japonês, então trocamos de console pelo final de semana e eu pude jogar o Ayrton Senna’s Super Monaco GP II. Rapidamente este passou a ser um dos meus favoritos no Mega Drive. Mas foi só em 1994, depois de passar pelo Super Nintendo e já com o meu segundo Mega Drive, que era o III da Tec Toy, é que consegui ganhar o Ayrton Senna’s Super Monaco GP II, o qual guardo até hoje, como pode ser visto nas fotos abaixo. Milagrosamente a bateria, usada para alimentar a memória onde os jogos ficam salvos, ainda funciona, após 21 anos! Acabei de colocar o cartucho no console e ainda estão lá os jogos salvos da minha infância.
Com o meu próprio cartucho finalmente eu podia salvar meus jogos e ninguém iria alugar o cartucho no meio da semana e apagar tudo só pra eu ter que jogar de novo 🙂 Assim eu completei o campeonato no modo Master em primeiro, consegui o meu lugar na McLaren, ops… Madonna. E na época corria algum boato nas revistas de games que era preciso terminar o jogo 8 vezes para ver o verdadeiro final. Talvez isso se aplicasse ao primeiro Super Monaco GP. Por via das dúvidas eu ganhei o campeonato 8 vezes e… não teve final diferente nenhum. Mas o final era bem bacana de qualquer forma, com os créditos sendo apresentados junto a várias fotos digitalizadas do Ayrton Senna e da Formula 1. Além do campeonato, que é cópia fiel do Campenato de Formula 1 de 1991, com todos os circuitos, ainda há o modo “Senna GP” em que corremos em três pistas: uma que é o traçado do cartódromo do próprio piloto em sua fazenda, e outros dois desenhados pelo Senna. Vencendo as três corridas, ganhamos a super licença.
Há quem não goste da trilha sonora do Ayrton Senna’s Super Monaco GP II, mas eu gosto. A tela que aparece no final das corridas tem duas versões, a versão alegre para quando você ficou entre os primeiros, e a versão triste para quando você não foi muito bem. O mesmo se aplica à entrada nos boxes, uma música mais zoada quando você está em uma equipe fraca, e uma música mais séria quando você está em uma equipe de ponta. As vozes digitalizadas também são bacanas, amostragem bem baixa, claro, para caber nos cartuchos sem ocupar muita memória, mas pelo menos no “Congratulations!” dava para perceber que era a voz do Senna mesmo.
Como simulador de corrida é claro que o Ayrton Senna’s Super Monaco GP II não passa no teste do tempo. O esquema de ficar do lado de dentro em todas as curvas, sem tangenciar, é totalmente surreal. É bem provável que o Senna tenha notado isso, claro, mas a Sega provavelmente não conseguiu implementar a física correta, se limitando a fazer as modificações mais simples sugeridas pelo piloto, como não reduzir a velocidade do carro quando o pneu toca até metade da zebra. Na verdade, em todos os jogos de corrida da época a melhor opção para curvas era ficar do lado de dentro. O primeiro jogo que vi implementar a física mais corretamente foi o Formula One Grand Prix (World Circuit) no PC.
Então hoje, se você quer um simulador fiel, é melhor ficar com a série F1. Mas jogar o Ayrton Senna’s Super Monaco GP II ainda é divertido. A possibilidade de escolher um rival, vencê-lo, e conquistar a vaga na equipe dele é bem interessante. Faltou alguns detalhes, como a licença para usar os nomes reais de pilotos e equipes, os companheiros de equipe em vez de um piloto só por equipe, os carros com cores reais durante a corrida, etc. Na minha pré-adolescência, até cheguei a enviar uma carta com sugestões para a Tec Toy enviar para a Sega fazer o Super Monaco GP III, mas acho que ignoraram as minhas ideias. 🙂
E para fechar o artigo, deixo aqui um videozinho do Ayrton Senna’s Super Monaco GP II:
O vídeo foi capturado através da Elgato – Game Capture HD60. Joguei no meu Sega Genesis com ajuda do Mega Everdrive, apenas pela praticidade, pois o meu cartucho original ainda está plenamente funcional. A ótima definição em Full HD é por conta do Framemeister XRGB Mini e do Cabo SCART RGB para Mega Drive 1 / Sega Genesis 1 / Mega Drive 2 Tec Toy com Áudio Stereo (Pack-a-Punched!).
Atualização (05/11/2015): Adicionado um videozinho mostrando o cartucho do Ayrton Senna’s Super Monaco GP II:
Eu li no blog da tectoy sobre a lenda do final verdadeiro que diz que vc tem que fazer final 10 vezes. Tenho dúvidas, pois existe uma música nas opções que não toca em lugar nenhum, a faixa 12. Seria a música do final verdadeiro?
Pelo que eu me lembro a lenda é de que era necessário ganhar 8 temporadas para ver o verdadeiro final. Eu tenho o jogo desde 1994, na época eu ganhei o campeonato 8 vezes consecutivas e não apareceu nenhum final diferente. Da última vez que chequei, meu cartucho ainda estava com o save da última corrida (bateria vivendo há mais de 20 anos, não sei como), ainda que não exista nenhuma indicação de qual temporada é.
A história dos 8 campeonatos vinha desde o primeiro Super Monaco GP, mas nem nele eu não sei se isso é verdade, pois só vi o final usando um password que saiu em uma revista da época.
Até liguei o jogo de novo agora e ouvi toda as músicas para tentar lembrar de onde é cada uma, mas realmente não me lembro de onde seria essa música 12. Porém, acho mais fácil ser uma música não usada do que esse “final verdadeiro” existir.
Tem muito game por aí que determinados segredos nunca foram revelados e tal final nunca foi vista, essa é a verdade!!!! bons tempos desse clássico da sega, valeu!!!!