Ms. Pac-Man / Tapper – Atari 2600


Um cartucho de dois jogos contendo Ms. Pac-Man e Tapper, para o Atari 2600. Este foi, se não me falha a memória, o terceiro cartucho de Atari 2600 que possuí em minha vida, lá em meados de 1988. Aliás, é o terceiro cartucho como um todo, pois o Atari 2600 foi meu primeiro console. O primeiro cartucho foi o Enduro, que veio com o console, e o segundo foi outro cartucho de dois jogos, com River Raid e Fantastic Voyage.

O cartucho era da J.F., como pude resgatar aqui da minha velha listinha. Aparentemente cheguei a ter 3 cartuchos da J.F., todos com dois jogos. Pesquisando um pouco consegui me lembrar e achar a capa dos cartuchos, que eram todas genéricas, sem relação com o jogo, como pode ser visto na foto abaixo que retirei do AtariGuide.

Cartucho típico da J.F. com jogos de Atari 2600, capa genérica sem relação com os jogos contidos no cartucho

Cartucho típico da J.F. com jogos de Atari 2600, capa genérica sem relação com os jogos contidos no cartucho

Não tenho maiores informações da tal J.F. Deve ser apenas mais uma das muitas empresas brasileiras que surgiram na época da reserva de mercado, vendendo cartuchos de Atari 2600 sem autorização e sem que as softwarehouses originais recebessem nada por isso. A indústria nacional de jogos era inexistente e se limitava a fazer clones do Atari 2600 e vergonhosamente alterar os jogos removendo os logotipos das produtoras originais e inserindo suas próprias marcas (Oi CCE!). E o mais triste é que 30 anos se passaram e o Brasil continua protegendo uma indústria nacional inexistente, dificultando cada vez mais a importação com seus inúmeros impostos. E se governos anteriores ainda conseguiram pequenos avanços ao liberar as importações e lançar um moeda forte, o PT vem acabando com isso ao promover a desvalorização da nossa moeda e o aumento absurdo em impostos como o IOF. Definitivamente não é assim que teremos uma indústria de games forte.

Mas de qualquer forma, foi com o cartucho da J.F. que conheci o Ms. Pac-Man do Atari 2600 antes mesmo de conhecer seu desastroso antecessor: o Pac-Man. Ao contrário do primeiro, o Ms. Pac-Man é bem bacana. Os labirintos tem uma variedade maior e cada fase tem uma fruta que aparece eventualmente flutuando pelo labirinto. O flicker dos fantasmas é menos frequente, apesar de ainda estarem presentes dadas as limitações técnicas do Atari 2600. Aliás, eles só passaram a se chamar “fantasmas” após a primeira versão do Atari 2600, pois no arcade original eles eram apenas “monstros”. A Atari resolveu chamá-los de fantasmas para contornar a limitação e transformá-la em característica. As mudanças de cores dos labirintos também contribuem para que o jogo seja mais variado e menos cansativo. Os sons também estão bem melhores no Ms. Pac-Man.

Ms. Pac-Man, do Atari 2600

Ms. Pac-Man, do Atari 2600

O Ms. Pac-Man tem alguns modos de jogos para iniciantes que permitem deixar apenas um, dois ou três fantasmas. Lembro de uma vez, na minha infância, ter selecionado o modelo de apenas um fantasma para ver até onde o jogo ia. Acabei cansando após um tempo, mas foi o suficiente para perceber que o jogo não tem fim, e que em certo ponto as fases e frutas começam a se repetir. Tentei repetir o feito no vídeo que fiz para demonstrar o jogo. Acabei me cansando bem antes, mas joguei o suficiente para mostrar as repetições acontecerem. 🙂

Confira o vídeo que fiz demonstrando o Ms. Pac-Man do Atari 2600:

Quanto ao Tapper, no início era só o jogo que vinha junto com o Ms. Pac-Man. Não foi por causa dele que comprei o jogo, pois nem conhecia, e no início deixei meio de lado pois não entendi muito bem o funcionamento. Mas logo que enjoei um pouco do Ms. Pac-Man e resolvi dar atenção para ele, percebi que o Tapper é um ótimo jogo. Não conhecia a versão de arcade, para mim a versão de Atari 2600 era tudo que existia. Acabei gostando bastante do jogo. Na época desenvolvi uma técnica em que conseguia fazer a sequência botão, direcional par abaixo, botão, direcional para baixo, … e assim sucessivamente muito rapidamente e sem falhar. Com isso conseguia “terminar” o jogo sem grande dificuldade. As aspas são porque o jogo não tem fim de fato, ele apenas volta à primeira fase, porém mais difícil. Tentei repetir o feito para o vídeo, mas não consegui, perdi essa habilidade infelizmente :(.

Tapper, do Atari 2600

Tapper, do Atari 2600

Outra habilidade que deixei na minha infância foi a de sempre acertar qual é a latinha que o macaquinho não bateu no mini-game que aparece entre as fases. Quando criança eu raramente perdia nesse mini-game, mas agora eu raramente acerto. Não consigo mais acompanhar a latinha correta durante as trocas como eu acompanhava na minha infância.

Apenas quando conheci o MAME, pelo menos 10 anos depois de conhecer o Tapper do Atari 2600, é que fui conhecer o Tapper dos arcades. É preciso reconhecer que fizeram um excelente trabalho nesse port do Atari 2600, pois conseguiram manter os elementos principais do jogo, mesmo com as limitações do Atari 2600. Conseguiram até mesmo colocar o mini-game e deixar o jogo com música o tempo todo. São poucos os jogos de Atari 2600 que tem música constante durante o jogo. O port foi feito pela U.S. Gold e lançado pela Sega. A mesma Sega que mais tarde ainda me daria muitas alegrias com o Master System e o Mega Drive.

Na versão arcade, além dos gráficos e som mais avançados, as bailarinas dançando cancan não são apenas uma animação de fim de fase como no Atari 2600, mas participam diretamente na funcionalidade do jogo, pois a dança acontece no meio da fase, e nesse momento alguns clientes ficam distraídos olhando para o palco, deixando passar os copos que você arremessa para eles. Então é preciso cuidado extra para não mandar copos para os clientes distraídos.

Confira o vídeo que fiz demonstrando o Tapper do Atari 2600:

Infelizmente meu cartucho com Ms. Pac-Man e Tapper do Atari 2600 durou pouco. Emprestei para um vizinho e num belo sábado de sol de tempestade, cheguei em casa e ele veio me trazer o cartucho. Poucas horas atrás uma descarga elétrica queimara o console dele, que estava ligado na tomada. Meu cartucho estava dentro e queimou junto. Eu só pude jogar o Ms. Pac-Man novamente uns três anos mais tarde, quando ganhei um cartucho de 16 jogos em que ele estava incluso. Quanto ao Tapper, só pude jogar de novo quando conheci os emuladores quase dez anos depois, em meados de 1997. Em um console real eu só fui jogar mesmo recentemente, mais de 20 anos depois, quando recebi meu Harmony Cartridge.

Ironicamente no mesmo dia em que recebi a notícia de que meu cartucho com Ms. Pac-Man e Tapper havia queimado, eu acabara de ganhar um cartucho de 4 jogos contendo Pac-Man, Chopper Command, Pitfall, e Entombed. No momento da escolha achei que o Pac-Man era o mesmo, mas acabei querendo assim mesmo por conta dos outros 3 jogos, em especial o Pitfall que eu já conhecia. Quando cheguei em casa e testei o cartucho, fiquei feliz de ver que o Pac-Man era “diferente”, e que eu não tinha ficado com um jogo repetido. A alegria durou pouco, pois com a notícia de que o meu Ms. Pac-Man tinha ido para o céu dos cartuchos, descobri que fiquei apenas com o Pac-Man “diferente e pior”, e sem nada parecido com o Tapper.

Enfim, essa foi a história de meu cartucho com Ms. Pac-Man e Tapper, e de como conheci esses jogos. Espero que tenham gostado.

Eis alguns dos itens que foram utilizados para fazer a gravação do gameplay dos jogos:

  1. Elgato – Game Capture HD60
  2. Atari 2600 VCS dos EUA com S-Video, Vídeo Composto, Áudio Estéreo e Pausa
  3. Framemeister XRGB Mini
  4. Harmony Cartridge
  5. Joystick CX40
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