Rocky no Master System. Baseado na excelente série de filmes, tinha tudo para ser um excelente jogo. Os gráficos são muito bons para um console de 8 bits. A trilha sonora também é ótima, mas estranhamente utilizaram músicas originais e o tema do filme não aparece no jogo. Bons efeitos sonoros também.
Jogando contra a CPU, são apenas 3 lutas com os seguintes oponentes: Apollo Creed, Clubber Lang e Ivan Drago, em dificuldade crescente. Vencendo o Ivan Drago, o jogo termina. É claro que não dava para esperar o Tommy Gunn, pois o jogo é de 1987, e o quinto filme da série só foi lançado em 1990. O Mason Dixon do filme de 2006 obviamente também não aparece. 🙂 Mas por que os produtores não incluíram alguns dos primeiros adversários do Rocky Balboa? Eu sei que eles pouco apareceram nos filmes, mas seria interessante um jogo com mais que 3 lutas.
A primeira luta é relativamente fácil, ao contrário do que vemos no filme, mas com o Lang já ficam bem mais difícil e o Drago é quase impossível de se vencer. Antes de cada luta há um treinamento, que consiste em socar sacos de pancadas ou as luvas do treinador Mickey. Fazendo a pontuação de qualificação, Rocky melhora suas habilidades para a luta.
A atenção com detalhes do filme é um tanto mista. Os personagens são bem desenhados, a Adrian aparece no final (não é spoiler quando o jogo tem mais de 25 anos :P). Na primeira luta o Rocky está com um calção branco e nas outras duas ele já está com o calção que ganhou do Apollo, o que mostra que os desenvolvedores prestaram atenção nesse detalhe. Por outro lado, em alguns outros detalhes a fidelidade ao filme vem abaixo: logo no primeiro treinamento, antes da luta com Apollo, o Rocky já está com o calção do Apollo. E no terceiro treinamento, antes da luta com o Drago, Rocky soca as luvas do treinador Mickey conforme ele as levanta, para treinar os reflexos. Mas peraí, o Mickey morreu no terceiro filme (também não é spoiler quando o filme tem 30 anos :P), como ele poderia estar treinando o Rocky para a luta com o Drago?
Mas esses detalhes não tornam o jogo ruim. Como eu já mencionei, bons gráficos, bom som. Mas é a jogabilidade que deixa um pouco a desejar. O botão 1 defende, o botão 2 soca, ok. Mas a movimentação e mesmo o momento de encaixar os golpes é um tanto misterioso. Mesmo lendo o manual não dá para sacar muito bem como agir. Acaba sendo mais fácil apenas apertar o botão de golpear o mais rápido possível e mexer o direcional para escolher entre os tipos de golpes. Nos treinamentos, principalmente os dois primeiros, apertar os botões o mais rápido possível é o que se deve fazer. E quando o jogador é golpeado e cai, também é preciso apertar os botões o mais rápido possível para tentar fazê-lo levantar.
A fidelidade às regras do boxe também merece destaque. Derrube o oponente 3 vezes no mesmo round e vença por nocaute técnico. Derrube o oponente de modo que ele não consiga levantar em 10 segundos e vença por nocaute. Atenção à barra de energia, quanto menos energia, mais difícil é se levantar após uma queda. Um pouco de energia é recuperada quando o lutador consegue se levantar. Ao final de cada round aparece a pontuação obtida por cada lutador (ok, isso não ocorre na realidade, mas no jogo sim). Caso a luta se arraste até o 12º round sem nocaute, a pontuação deve decidir quem é o vencedor. Confesso que nunca fui até o último round, ao contrário do Rocky nos filmes. Sempre venço ou perco por nocaute antes. No vídeo vocês podem conferir que venci o Drago no sexto round.
Além do “modo história” curto, o modo de dois jogadores é o que mais deixa a desejar. Nele o primeiro jogador é necessariamente o Rocky, e o segundo escolhe entre Apollo, Lang ou Drago. Quer uma luta de Apollo versus Lang como de fato aconteceu no terceiro filme? Esqueça! O mais chato é que há um claro desequilíbrio entre os lutadores. Rocky sempre vai ganhar do Apollo e Drago sempre vai ganhar do Rocky, a menos que o adversário vacile muito. Rocky versus Lang é um pouco mais equilibrado, mas ainda assim a balança pende bastante para o Lang.
Uma vez fiz um mini-campeonato em casa, com mais dois amigos. Para ser justo, foram 18 lutas: seis de Rocky versus Apollo, de modo que cada um jogou duas vezes com o Rocky e duas com o Apollo, uma contra cada adversário. Depois seis de Rocky versus Lang e seis de Rocky versus Drago. O resultado foi que Apollo perdeu todas, não teve a menor chance, e Drago ganhou todas facilmente, independentemente de quem estava jogando com eles. Só no Lang versus Rocky é que a brincadeira teve alguma graça e consegui fazer a minha habilidade valer um pouco mais (afinal na época era o único dos três que tinha o Master System) e vencer uma com o Rocky, o que me valeu o campeonato. Seria muito mais divertido se os lutadores ficassem equilibrados no modo de dois jogadores, como acontece com a maioria dos jogos de luta.
Para finalizar, deixo um videozinho do meu retorno ao Rocky, após mais de 20 anos como de costume. Retorno com hardware real (sem emulação) só possível agora por conta da aquisição do Mega Everdrive. Quase perdi para o Drago, mas no final conseguir vencer e abraçar a Adrian. Então este é um vídeo do início ao final. 🙂
Os equipamentos utilizados para esta captura foram:
- Elgato – Game Capture HD60 – para a captura do vídeo em formato digital em Full HD e 60fps.
- Sega Genesis – o modelo norte-americano do Mega Drive, console que tem o processador original do Master System, permitindo jogar os jogos de Master sem emulação.
- Mega Everdrive – o cartucho “mágico” que lê meus jogos a partir de um simples cartão SD e funciona tal qual os cartuchos originais.
- Framemeister XRGB Mini – fazendo o upscale da imagem do Master System para 1080p Full HD.
- Cabo SCART RGB para Mega Drive 1 / Sega Genesis 1 / Mega Drive 2 Tec Toy com Áudio Stereo (Pack-a-Punched!) – levando a imagem RGB, melhor imagem possível de se extrair de um Mega Drive / Master System com hardware original, para o Framemeister.
- Controlador de 6 Botões ASCII ‘Rhino’ para Mega Drive – porque sem o turbo fica complicado de terminar o Rocky 🙂 Mas da próxima vou com o Joystick do Master System e Rapid Fire para ficar ainda mais nostálgico.